5o motivo: Sacralizar e valorizar
Deus fala ao homem através da criação visível. O cosmos material apresenta-se à inteligência do homem para que leia nele os traços do seu Criador. A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore e os frutos, tudo fala de Deus e simboliza, ao mesmo tempo, a sua grandeza e a sua proximidade. Enquanto criaturas, estas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens e da ação dos homens que prestam a Deus o seu culto. O mesmo acontece com os sinais e símbolos da vida social dos homens: lavar e ungir, partir o pão e beber do mesmo copo podem exprimir a presença santificante de Deus e a gratidão do homem para com o seu Criador. (CIC, 1147-1148).
O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, comentou sobre como jovens sentem a distorção litúrgica dos dias de hoje e sobre a revalorização desta: "É preciso que volte a ser claro que a ciência da liturgia não existe para produzir constantemente novos modelos, como é próprio da indústria automobilística (...). A Liturgia é algo diferente da manipulação de textos e ritos, porque vive, precisamente, do que não é manipulável. A juventude sente isso intensamente. Os centros onde a Liturgia é celebrada sem fantasias e com reverência atraem." (livro "O sal da terra", 1996)
Na Sagrada Liturgia, cobre-se delicadamente a dignidade dos diversos elementos litúrgicos: o cálice com o Sangue de Nosso Senhor é coberto durante a missa até o momento da consagração, o sacrário, onde fica permanentemente o Corpo de Nosso Senhor, é coberto por um véu frontal; o véu que cobre o cálice e o cibório, a toalha branca que cobre o altar, a casula que cobre o sacerdote que oferece o Santo Sacrifício da Missa.
Portanto, o uso do véu, entre tantos significados, é uma via de sacralização e valorização da mulher. Em uma sociedade onde a mulher é, muitas vezes, desvalorizada ou mal vista aos olhos dos homens, o véu é um meio de revesti-la e dignificá-la perante os olhos do Senhor, porque o corpo do homem participa da dignidade da “imagem de Deus”: ele é o corpo humano precisamente porque é animado pela alma espiritual, e é a pessoa humana inteira que está destinada a tornar-se, no Corpo de Cristo, o Templo do Espírito: Unidade de corpo e de alma, o homem, por sua própria condição corporal, sintetiza em si os elementos do mundo material, que nele assim atinge sua plenitude e apresenta livremente ao Criador uma voz de louvor. Não é, portanto, lícito ao homem desprezar a vida corporal; ao contrário, deve estimar e honrar seu corpo, porque criado por Deus é destinado à ressurreição no último dia. (CIC, 364).
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