(http://padrepauloricardo.org/blog/a-renuncia-do-papa-e-os-oportunistas-da-imprensa-secular)
Que a mídia secular não é o melhor meio para se informar a
respeito da Igreja Católica, isso não é novidade. Basta fazer uma rápida
leitura nas manchetes dos principais jornais do país a respeito da renúncia do
Papa Bento XVI para se ter a certeza de que o amadorismo reina nessas
aclamadas agências de notícias. No entanto, acreditar na simples
inocência desses senhores e cobri-los com um véu de caridade por seus
comentários maldosos e, muitas vezes, insultuosos não seria honesto. É
necessário compreender muito bem que muitos desses veículos estão ardorosamente
comprometidos com a desinformação e com os princípios contrários à reta moral
defendida pela Igreja. Daí a quantidade de sandices que surgiram na mídia nos
últimos dias.
Logo após o anúncio da decisão do Santo Padre, publicou-se na
imprensa do mundo todo que a ação de Bento XVI causaria uma “revolução” sem
precedentes na doutrina da Igreja. Uma atrapalhada correspondente de uma
emissora brasileira afirmou que a renúncia do papa abriria caminho para as
“reformas” do Concílio Vaticano II e que isso daria mais poderes aos bispos.Já
outros declaravam que os recentes fatos colocavam em xeque o dogma da
“Infalibilidade Papal”, proclamado pelo Concílio Vaticano I. Nada mais
fantasioso.
É verdade que uma renúncia tal qual a de Bento XVI nunca houve
na história da Igreja. A última resignação de um papa aconteceu ainda na Idade
Média e em circunstâncias bem diversas. Todavia, isso não significa que o Papa
Ratzinger tenha modificado ou inventado qualquer novo dogma ou lei
eclesiástica. O direito à renúncia do ministério petrino já estava previsto no
Código do Direito Canônico, promulgado pelo Beato João Paulo II em 1983.
Portanto, de modo livre e consciente – como explicou no seu discurso – Bento
XVI apenas fez uso de um direito que a lei canônica lhe dava e nada nos autoriza
a pensar que fora diferente. Usar desse pretexto para fazer afirmações tacanhas
sobre dogmas e reformas na Igreja é simplesmente ridículo. Quem faz esses
comentários carece de profundos conhecimentos sobre a doutrina católica,
sobretudo a expressa no Concílio Vaticano II.
Outros comentaristas foram mais longe nas especulações e
atestaram que a renúncia do Papa devia-se às pressões internas que ele sofria
por seu perfil tradicionalista e conservador. Além disso, as crises pelos
escândalos de pedofilia e vazamentos de documentos internos também teriam
pesado na decisão. Não obstante, quem conhece o pensamento de Bento XVI sabe
que ele jamais tomaria essa decisão se estivesse em meio a uma crise ou
situação que exigisse uma particular solicitude pastoral. E isso ficou muito
bem expresso na sua entrevista com o jornalista Peter Seewald – publicada no
livro Luz do Mundo – na qual o Papa explica que em momentos de dificuldades,
não é possível demitir-se e passar o problema para as mãos de outro.
Mas de todas as notícias veiculadas por esses jornais,
certamente as mais esdrúxulas foram as que fizeram referência às
antigas “profecias” apocalípiticas que prediziam o fim da Igreja
Católica. Numa dessas reportagens, um notório jornal do Brasil dizia: “O
anúncio da renúncia do papa Bento 16 fez relembrar a famosa “Profecia de São
Malaquias”, que anuncia o fim da Igreja e do mundo”. É curioso notar o
repentino surto de fé desses reconhecidos laicistas logo em teorias que
proclamam o fim da Igreja. Isso tem muito a dizer a respeito deles e
de suas intenções.
Por fim, também não faltaram os especialistas de plantão e
teólogos liberais chamados pelas bancadas dos principais jornais do país para
pedir a eleição de um papa “mais aberto”. Segundo esses doutos senhores, a
Igreja deveria ceder em assuntos morais, permitindo o uso da camisinha, do
aborto e casamento gay para conter o êxodo de fiéis para as seitas
protestantes. A essas pretensões deve-se responder claramente: A Igreja
jamais permitirá aquilo que vai contra a vontade de Deus e nenhum Papa tem o
poder de modificar isso. A doutrina católica é imutável. Ademais, os
fiéis jovens da Igreja têm se mostrado cada vez mais conservadores e avessos à
moral liberal. Inovações liberais para atrair fiéis nunca deram certo e os bancos
vazios da Igreja Anglicana são a maior prova disso.
O comportamento vil da mídia secular leva-nos a fazer sérios
questionamentos sobre a credibilidade e idoneidade dos chefes de redações que
compõem as mesas desses jornais. Das duas, uma: ou esses senhores carecem de
formação adequada e por isso seus textos são recheados de ignorâncias e
nonsenses, ou então, esses doutos jornalistas têm um sério compromisso com a
desinformação e a manipulação dos fatos, algo que está diametralmente oposto ao
Código de Ética do Jornalismo. Se fôssemos seguir a cartilha desses órgãos de
imprensa, hoje seríamos obrigados a crer que Bento XVI liberou a camisinha,
excomungou o boi e o jumento do presépio, acobertou padres pedófilos e mais uma
série de disparates que uma simples leitura correta dos fatos seria o
suficiente para derrubar a mentira.
Na sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação de 2008, o
Papa Bento XVI alertou para os riscos de uma mídia que não está comprometida
com a reta informação. “Constata-se, por exemplo, que em certos casos
as mídias são utilizadas, não para um correcto serviço de informação, mas para
«criar» os próprios acontecimentos”, denunciou o Santo Padre. Bento XVI
assinalou que os meios de comunicação devem estar ordenados para a busca da
verdade e a sua partilha. Pelo jeito, a imprensa secular ainda tem muito a
aprender com o Santo Padre.
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