
O ser humano é, ao mesmo tempo,
corporal e espiritual. É matéria e espírito. Sua percepção, pois, das
realidades espirituais depende de imagens e de símbolos. Em todas as
civilizações e culturas e em todos os momentos da história, esse fato é averiguado,
sem discussões. O homem percebe as coisas pela linguagem própria, viva e
silenciosa das coisas e se situa - ele próprio - no mundo do mistério. Tendo
consciência de sua realidade transcendente, o homem busca, pois, a comunhão no
mistério, que se dá, sobretudo na linguagem silenciosa dos símbolos.
De fato, os símbolos nos mostram,
em sua visibilidade, uma realidade que os transcende, invisível. Falam sempre a
linguagem do mistério, apontando para além deles próprios. Por aqui se pode
perceber o quanto é útil e necessária na liturgia esta linguagem misteriosa dos
símbolos, e eles não têm, como objetivo, explicar o mistério que se celebra,
pois o mistério é para ser vivido, muito mais do que explicado. A finalidade
dos símbolos é enriquecer, na linguagem simples das coisas criadas, a expressão
profunda do mistério, que é invisível. Todo símbolo litúrgico deve, pois,
mergulhar-nos na grandeza do mistério, sem reduzir este, e sem banalizá-lo, e,
como símbolo, deve ser simples, como simples é toda a criação visível. Sua
principal função, sobretudo na liturgia, é, pois, comunicar-nos aquela verdade
inefável, que brota do mistério de Deus e que, portanto, não se pode comunicar
com palavras. E a liturgia é descrita como ação simbólica, no sentido mais
pleno. Desde a assembléia reunida até a pequenina chama da vela que arde, tudo
é expressão simbólica, que nos remete ao abismo do mistério de Deus e à
celebração da Santa Eucaristia, Corpo de Cristo. Na compreensão desse dado
litúrgico está a beleza de todo ato celebrativo, e de sua consciência brota já
a alegria pascal, como antecipação sacramental das alegrias futuras,
definitivas e eternas.
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