quarta-feira, 19 de março de 2014

Mortalium Animos e o Ecumenismo no Magistério recente


Mortalium Animos e o Ecumenismo no Magistério recente



Por Padre Douglas Pinheiro - Padre Diocesano - Osasco/SP - Membro da Equipe de Serviço Encristus


Muitas pessoas encontram, por vezes, mais ocasião de eloquência nas entrelinhas dos textos do que nos grandes discursos de fato. Como bons católicos, não podemos defender tal coisa. Dizemos que certamente as entrelinhas e os gestos têm significado. Em se tratando da Igreja Católica, contudo, quem quer permanecer católico não deve sustentar que estes tenham um significado contrário à Doutrina Católica. E, se é verdade que por vezes as entrelinhas pesam mais do que as linhas, aquelas nunca poderão desdizer estas.
Vamos às entrelinhas. Uma série de recentes debates sobre a pertinência ou não da prática do ecumenismo por parte dos católicos trouxe à tona menções da Mortalium Animos de Pio XI. Em contrapartida, encontramos um número sem fim de documentos pontifícios endossando e incentivando a prática ecumênica, sobretudo após o Vaticano II. A Igreja teria mudado de opinião? Alterou sua doutrina? Está se contradizendo? Pio XI era menos papa que os sucessores que afirmaram o oposto de sua encíclica? De forma alguma! Embora pareça complicada a conciliação entre todos estes documentos, um olhar profícuo sobre o contexto histórico de inscrição de cada um nos revela tranquilamente seus respectivos teores:
1. Em Edimburgo, na Escócia, denominações protestantes da Europa , historicamente (mais precisamente, no início do século XX) passaram a desejar uma unidade visível entre si;
2. este desejo de unidade visível é em si bom;
3. historicamente, tal desejo foi buscado concretamente por meio de associações entre diversas comunidades (daqui surgiu o Conselho Mundial de Igrejas). Todavia, as posturas dessas associações eram totalmente descompromissadas com a ideia de verdade objetiva quando, na realidade, para nós cristãos isso é algo fundamental. Sobre isso discorreu Bento XVI em toda a Caritas in Veritati;
4. como parece óbvio, a desejada unidade visível nunca se concretizou por estes meios associativos;
5. como era igualmente óbvio, a Igreja fulminou este entendimento irenista de “unidade” sem Verdade (em particular, na Mortalium Animos);
6. historicamente, a Igreja ofereceu a Sua resposta a este desejo de unidade bem intencionado, mas explicitamente mal orientado por seus protagonistas;
7. Esta proposta da Igreja é e sempre foi que eles encontrem a unidade cum Petro et sub Petro. Sempre enxergando o ministério petrino, como disse João II na Ut Unum Sint 89-96, como um serviço à unidade e à confirmação da Fé cristã; e não como uma potestade opressora como em épocas da história se soou ;
8. historicamente, embora signifiquem coisas diversas (e até contraditórias), as coisas expostas em 3. e em 6. acima foram chamadas ao longo da história pelo nome de “Ecumenismo”. Mas tais iniciativas tomadas até então jamais foram participadas por católicos, pois não podemos coadunar com uma unidade que renuncia a soberania da verdade revelada em Jesus. Renunciar a Verdade em nome da paz é um falso irenismo (condenado também pela Unitatis Redintegratio no número 11) a que poderíamos chamar de um “ecumenismo herético”;
Bob (protestante, camisa listrada) e Dan (católico, camisa amarela): Membros da Comunidade Alleluia (Georgia, EUA): lá 700 pessoas vivem no mesmo bairro, com 12 denominações religiosas diferentes. Se unem para adorar a Deus e fazem escalas de adoração 24h por dia, 7 dias por semana. Que benção de pessoas!

9. por conta disso, houve historicamente falsificadores da Doutrina Católica que, de boa ou má fé, confundiram os dois conceitos e disseram: 
a) ou que o “ecumenismo herético” (ponto 3) é na verdade uma coisa boa e a Igreja, após o perceber, reviu a Sua opinião; 
b) ou que a Igreja passou a ensinar o “ecumenismo herético” e, por conta disso, deixou de ser Igreja, ou o Concílio deixou de ser Concílio, ou o Magistério deixou de ser Magistério, ou a teoria que se deseje colocar aqui;
10. com a confusão que perdura até os dias de hoje, fica por vezes difícil distinguir entre o “ecumenismo herético” e o legítimo ecumenismo católico (pontos 6. e 7.).
Depois de exposto este esquema, volto às entrelinhas. Muitas confusões se dão por se alegar um certo “silêncio” com o qual a Igreja trata os textos dos Papas anteriores ao Concílio do Vaticano II. Em particular, a encíclica Mortalium Animos não se encontrava online em português, existindo na internet somente em sites como o da Associação Montfort ou disponíveis em versões não-oficiais de sites de compartilhamento de arquivos.
Hoje, porém, a Mortalium Animos está disponível em português no site do Vaticano. E esta tradução é recente, pois eu próprio me recordo de que até a bem pouco tempo atrás não era possível encontrá-la. Há, portanto, esforços da Santa Sé no sentido de tornar acessíveis aos católicos documentos do início do século XX que, até bem pouco tempo atrás, não estavam disponíveis, ao menos não em todos os principais idiomas. E, se isto está sendo feito, é porque estes documentos permanecem válidos, são importantes e devem ser conhecidos. Esta é uma excelente resposta aos que diziam ter a Igreja “mudado a sua Doutrina”. É uma ótima forma de afirmar a continuidade do ensinamento da Igreja.
Aliás, de todas as encíclicas de Pio XI, apenas cinco estão atualmente traduzidas para o português: a Divini Illius Magistri (31 de dezembro de 1929), a Divini Redemptoris (19 de março de 1937), a Mortalium Animos (6 de janeiro de 1928), a Quadragesimo Anno (15 de maio de 1931), e a Vigilanti cura (29 de junho de 1936). E estas não são “as cinco mais antigas” ou “as cinco mais novas”, nem “as cinco na ordem em que aparecem no site do Vaticano” e nem nada do tipo: o que nos permite acreditar que os primeiros documentos que estão sendo traduzidos são os mais relevantes para os tempos atuais (ou, no mínimo, que certamente são aplicáveis aos tempos atuais). 
Se a Mortalium Animos não foi traduzido nos imediatos anos após o Concílio, crer ter sido justamente para não dar a entender aos fiéis que a Igreja se contradizia. Também por ver que esse texto seria lido em desconexão com o contexto em que Pio XI o redigiu. Lido fora do verdadeiro prisma, ele se torna uma proibição a algo que a Igreja nunca proibiu de fato.
E estas cinco encíclicas já traduzidas anteriormente, por sua vez, tratam respectivamente sobre a educação cristã da juventude, sobre o comunismo ateu, sobre a verdadeira unidade de religião, sobre a restauração e aperfeiçoamento da ordem social (no aniversário da Rerum Novarum) e sobre cultura e meios de comunicação em massa (especificamente o cinema). São todos temas que muitos, mesmo católicos, insistem em considerar “ultrapassados” – e, não obstante, nós católicos que desejamos ser fiéis sempre insistimos em dizer que eram válidos e aplicáveis aos dias correntes. Daí a razão por terem sido traduzidos antes, pois sobre o ecumenismo o conteúdo da Unitatis Redintegratio já dava conta de expressar o que de fato pensa a Igreja sobre o a unidade dos cristãos. Uma leitura precipitada e sem prévia iniciação da Mortualium Animos só geraria confusão conceitual.
Para os católicos não vale a premissa de que a Igreja “diz uma coisa e faz outra” ou que Ela passa “ensinamento tácito” (contrário ao que se dizia antigamente) por meio das coisas que cala. Atualmente (e à primeira vista), o “ecumenismo” está tanto condenado quanto promovido no site do Vaticano. Os inimigos da Igreja, e somente estes, são capazes de dizer que ela é contraditória. Os católicos fiéis, contudo, bem como os honestos intelectualmente, devem se perguntar se ela não está falando de coisas distintas nos dois documentos.


Comentário do Facebook feito também pelo Padre Douglas:  Hum! Meu Deus, pena que tem coisa que pela TV vcs não puderam ver. Pastores foram à Missa, evangélicos entraram na capela do Ssmo para rezar, apreciavam os ícones da Ssma Virgem e do Pantocrator. O Encristus até agora só tem feito os evangélicos admirarem nossa igreja. Esse é o começo do caminho, e não uma lamúria sem fim por causa de uma (e só uma ) imagem que foi tirada (contra minha vontade, claro). Se os irmãos, agarrados à MA, tem outra sugestão para atraí-los, me avisem. Quem sabe eu repense minha pertença ao Encristus! Até lá, me fio na figura acima, isto é, estar junto com estes irmãos. Junto!!! Os documentos só tomam vida com práticas reais e concretas, e não com discursos. Argumentar a eclesiologia? Isso eu sempre soube fazer desde qdo estudei esse tratado. Mas chorar a dor de não ver muitos cristãos na mesma mesa do Calvário? Isso os manuais não ensinam, meus caros. Eu estou falando sobre coração, e não sobre racionalização. Estou falando do teologal, e não do teológico. Um não pode andar sem o outro. Ensinem-nos então, pelo amor de Deus, o verdadeiro ecumenismo já que não temos feito corretamente. Peço em nome do Encristus; peço em nome da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Mas nos ensinem FAZENDO, porque de falatório eu já estou cheio por esses dias!Tirar o crucificado foi um erro? SIM, já concordei que SIM. Sobre isso trataremos na próxima reunião de núcleo, já disse!!! Mas será que ninguém viu que ficou o ícone da Virgem? Ficou o Pantocrator? Ficou o SSMO.SACRAMENTO na capela ao lado do local do evento (onde mtos evangélicos entraram e até rezaram? Ficaram as imagens, os rosários, as camisetas nas lojas da chácara da Canção Nova pelas quais todos (católicos e evangélicos) passávamos o tempo todo? Ninguém viu? NÃO, não viram!!!Porque NÃO ESTAVAM LÁ!E muitos não ouviram uma única palestra das que foram televisionadas. Darei um doce se acharem uma única heresia na boca de algum dos pastores que ali falaram. UMA SÓ! Mas ouçam, comprem, baixem sei lá. Chega de precipitações! CHEGA!!! OBS: se os ajuda, os primeiros a perguntarem onde estava o crucificado e pq ele não estava lá na cruz foram os protestantes...passar bem! Espero que reflitam sobre nos estarem colocando no lugar Dele de novo, quando Ele ali morreu para que irmãos não mais se crucificassem uns aos outros. Amas o Santo Sacrifício? Viva-o... Por PadreDouglas Pinheiro

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