terça-feira, 5 de junho de 2012

A colaboração da mulher na Igreja



A colaboração da mulher na Igreja
                             Por Carina Caetano



Existe na mulher a capacidade física de dar a vida. Vivida ou potencial, essa capacidade é uma realidade que estrutura em profundidade a personalidade feminina. Permite-lhe alcançar muito cedo a maturidade, sentido da gravidade da vida e das responsabilidades que a mesma implica. Desenvolve em si o sentido e o respeito do concreto, que se opõe às abstrações, muitas vezes mortais para a existência dos indivíduos e da sociedade. É ela, enfim, que, mesmo nas situações mais desesperadas — a história passada e presente são testemunho disso —, possui uma capacidade única de resistir nas adversidades; de tornar a vida ainda possível, mesmo em situações extremas; de conservar um sentido tenaz do futuro e, por último, recordar com as lágrimas o preço de cada vida humana.
Entre os valores fundamentais relacionados com a vida concreta da mulher, existe o que se chama a sua “capacidade para o outro”. Não obstante o fato de um certo discurso feminista reivindicar as exigências “para ela mesma”, a mulher conserva a intuição profunda de que o melhor da sua vida é feito de atividades orientadas para o despertar do outro, para o seu crescimento, a sua proteção.
No que diz respeito à Igreja, o sinal da mulher é eminentemente central e fecundo. Depende da própria centralidade da Igreja, que o recebe de Deus e acolhe na fé. É esta identidade “mística”, profunda, essencial, que se deve ter presente na reflexão sobre os papéis próprios do homem e da mulher na Igreja.
A existência de Maria é um convite à Igreja para basear o seu ser na escuta e no acolhimento da Palavra de Deus, porque a fé não é tanto a procura de Deus por parte do ser humano, mas é, sobretudo, a aceitação por parte do homem de que Deus vem até ele, visita-o e fala-lhe.
Sempre em Maria, a Igreja aprende a conhecer a intimidade de Cristo. De Maria, a Igreja aprende o sentido do poder do amor, como Deus o exerce e revela na própria vida do Filho.
Olhar para Maria e imitá-la não significa, todavia, voltar a Igreja a uma passividade inspirada numa concepção superada da feminilidade, e condená-la a uma vulnerabilidade perigosa, num mundo em que o que conta é, sobretudo, o domínio e o poder. Na verdade, o caminho de Cristo não é nem o do domínio (cf Fil 2,6), nem o do poder como o entende o mundo (cf Jo 18,36). Do Filho de Deus pode aprender-se que esta “passividade” é, na realidade, o caminho do amor; é um poder régio que derrota toda a violência; é “paixão” que salva o mundo do pecado e da morte e recria a humanidade. Confiando ao apóstolo João a sua Mãe, o Crucificado convida a sua Igreja a aprender de Maria o segredo do amor que triunfa.
As mulheres, portanto, são chamadas a serem modelos e testemunhas insubstituíveis para todos os cristãos de como a Esposa deve responder com amor ao amor do Esposo, manifestando o rosto da Igreja como mãe dos fiéis.

Inspirados pela dignidade comum e no recíproco reconhecimento e colaboração do homem e da mulher na Igreja, como imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26), cada um segundo a graça que recebeu, é que, guiados pelo Espírito Santo, faremos uma breve reflexão sobre o uso piedoso do véu de forma a exaltar Jesus Cristo, recordando uma tradição por anos esquecida, porém atualizada no Senhor que renova todas as coisas (Ap 21,5).










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