terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Modéstia masculina: comportamento e vestimenta




 "A pureza exige o pudorO pudor é parte integrante da temperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Designa a recusa de mostrar o que deve ficar oculto. Ordena-se à castidade e comprova-lhe a delicadeza. Orienta os olhares e as atitudes em conformidade com a dignidade das pessoas e com a união que existe entre elas." - Catecismo da Igreja Católica §2521.


Nós, homens, ao lermos textos como o apresentado acima, falando de "pudor", "olhares", "delicadeza", logo pensamos em uma mulher. Isso porquê nosso instinto observador logo nos prega uma peça fazendo-nos crer que aquele ser a quem se observa, a saber, a mulher, é quem unicamente tem o dever de portar-se com tal recato para que nós, então, livres de qualquer regra no que diz respeito à modéstia, possamos evitar uma reação mais maliciosa. Porém, isso não é verdade.

O homem, em sua relação com Deus, encontra no pudor e na modéstia elementos fundamentais para seu avanço na vida de oração como na castidade e na santidade. Um homem que, deixando de atribuir a responsabilidade da modéstia unicamente à mulher, se comporta e se veste adequadamente como um cristão, um servo de Deus, acaba por fazer experiência inimagináveis em seu relacionamento com o Senhor. Isso eu digo por experiência própria.

Por muitos anos eu fui um católico que, para ir à Igreja, se vestia como tantos outros católicos "comuns": uma camisa qualquer (desde que não contivesse mensagens ou figuras inapropriadas), uma calça qualquer, um calçado qualquer. E, para mim, estava tudo certo. "Estou com meu corpo devidamente vestido e pode até ser que sirva de exemplo", pensava. Mas na verdade, eu estava apenas fazendo o básico para não escandalizar. Eu podia fazer mais! E foi justamente isso que um padre amigo meu me fez enxergar. Num dia, enquanto passeávamos, ele começou a explicar a importância e beleza que havia no fato de um homem vestir-se de forma diferente para ir à Igreja, sobretudo quando se trata de ir na Santa Missa. Dizia que, originalmente, o costume de vestir-se bem para a participação no culto sagrado era um costume católico, que infelizmente foi se perdendo com o avanço do "pensamento moderno" e a acomodação por parte de alguns (ou muitos) católicos. Em meio a muitos detalhes e argumentos na conversa, basicamente o que me chamou atenção foi o fato de que "os homens deveriam vestir-se de modo especial para ir à Missa justamente para mostrar que aquele acontecimento no qual iriam participar está acima de qualquer fato, ocasião e acontecimento do cotidiano. É um momento único!"





Realmente é a pura verdade! Se nos preparamos tanto para irmos a uma lanchonete com os amigos, para ir a um aniversário, a um casamento, quanto não devemos estar bem apresentáveis para participarmos da Santa Missa?! A partir de então, comecei a ir à Missa vestido como merece a ocasião.

Como dizia Santo Agostinho: "À graça pressupõe a natureza", e foi exatamente isso que aconteceu. A partir da minha nova atitude, da minha nova postura, a graça do Espírito Santo veio ao meu encontro, dando-me a conhecer e perceber coisas que antes eu, no meu "fazer o básico", ignorava. Comecei a me dar conta do quanto cada detalhe contribui para que minha oração, minha comunhão com Deus flua. Hoje posso dizer com toda alegria do meu coração de cristão: Quando me arrumo para ir à Santa Missa, é para Ele que me arrumo. A camisa social, o sapato, o perfume, tudo! Tudo para ir ao encontro do Amado, pois amando-o também nos detalhes, tenho a graça de perceber os detalhes do Seu amor por mim e assim conhecê-lo cada vez mais. Beleza tão antiga e tão nova!

Para que aquele jeito de vestir se tornasse um hábito foi questão de tempo.

Para minha surpresa, fiz experiências espirituais e, por conseguinte, adquiri graças e virtudes que eu nunca imaginara estar ligado a algo tão simples como o pudor e a modéstia. Lembro que a percepção de que meu espírito e minha oração estavam diferentes não demorou muito a aparecer. Passei a me sentir (e de fato estava) adequado àquele acontecimento tão importante do qual antes eu não pude olhar com mais zelo devido a falta de atenção a grandiosidade do que ali se passava. Me sentindo adequado ao ambiente, ao contexto, eu tinha mais vontade de permanecer na Igreja, chegar um tempo antes e ficar um pouco mais depois, contemplando em espírito, a singularidade daquele momento em que estava ali.

Com o tempo percebi que certas virtudes estavam anos a minha espera (os anos da minha caminhada na Igreja) e que, pelas palavras inspiradas de um amigo sacerdote, puderam ser resgatadas ainda na flor da juventude. Hoje minha devoção, atenção, comunhão e zelo são incomparavelmente maiores do que quando me vestia apenas como um católico comum. Hoje, subo ao calvário ainda mais preparado (apesar de minhas misérias), sabendo que no simples que compete a mim, a começar pela roupa, ofereço o melhor que tenho Àquele que deu tudo por mim.


Caio C. Pereira
(Osasco/SP)

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